O planeamento do nascimento de um filho e a preparação para o seu acolhimento é uma etapa fundamental e um período de transição de particular instabilidade para o casal, correspondendo a mudanças profundas na organização da sua vida. Por este facto, médico e enfermeiro devem prestar cuidados de saúde antecipatórios, que esclareçam o casal e o ajude a preparar-se para as funções parentais que o nascimento do primeiro filho lhe vai exigir, contribuindo, assim, para que a introdução de um terceiro elemento não perturbe uma relação satisfatória e permita a consolidação da vida familiar (DGS, 2006).
Promover a saúde no período pré-concepcional é uma forma de contribuir para o sucesso da gravidez, uma vez que muitos dos factores que condicionam negativamente o futuro de uma gestação podem ser detectados, modificados ou eliminados, antes que a mulher engravide e, portanto, recorra à vigilância pré-natal. A avaliação pré-concepcional do risco é, assim, um aspecto cada vez mais importante dos cuidados pré-natais, apesar de – ou exactamente por isso - estarmos na era da terapêutica fetal e das técnicas diagnósticas invasivas (DGS, 2006).
A mulher (ou até mesmo, o casal) deve ser alertada para a impotância da consulta pré-concepcional e do diagnóstico precoce da gravidez, bem cocmo do início precoce do acompanhamento pré-natal (DGS 2006).
Para tal ao aconselhar-se com o seu profissional de saúde de referência (Médico de Família, Enfermeira de Família, Obstetra ou Parteira), poderá observar que este irá (DGS, 2006):
DETERMINAR
• de forma sistemática o risco concepcional, em particular o risco genético, através da história reprodutiva, médica e familiar
• os possíveis efeitos da gravidez sobre as condições médicas existentes, quer do ponto de vista da saúde materna, quer fetal e introduzir as modificações convenientes, orientando de acordo com os riscos identificados, para os cuidados diferenciados, sempre que necessário.
EFECTUAR
• a determinação do grupo sanguíneo e factor Rh
• o rastreio das hemoglobinopatias,
• a determinação da imunidade à rubéola e a vacinação, sempre que necessário
• a determinação do estado de portador de hepatite B e a vacinação
• a vacinação anti-tetânica se necessário
• o rastreio da toxoplasmose, da sífilis, da infecção por VIH e por Citomegalovírus (CMV)
• o rastreio do cancro do colo do útero, se o anterior foi efectuado há mais de um ano
• outros testes laboratoriais, sempre que indicado.
DISCUTIR
• o espaçamento recomendado entre os nascimentos, incluindo as questões relativas ao uso dos contraceptivos e à sua interrupção
• as possíveis consequências para o feto da ocorrência na gravidez de uma infecção de transmissão sexual e a importância da adopção, pelo homem e pela mulher, de comportamentos seguros
• o estado nutricional, hábitos alimentares e estilos de vida
• os aspectos psicológicos, familiares, sociais e financeiros relacionados com a preparação da gravidez
• as vantagens da vigilância pré-natal precoce e continuada.
RECOMENDAR
• o registo do calendário das menstruações
• a suplementação com ácido fólico, a iniciar pelo menos dois meses antes da data de interrupção do método contraceptivo
• a realização, pelo futuro pai, do rastreio da sífilis, da infecção por VIH e do estado de portador de hepatite B.
PROGRAMAR
• o acompanhamento das situações de risco, em estreita colaboração com o Hospital de Apoio Perinatal.
Geralmente esta consulta é realizada nos Centros de Saúde pelo Médico de Família, se se enquadra nesta fase da vida, peça já o aconselhamento junto da sua Enfermeira e Médico de Família.
Referência:
Direcção-‐Geral da Saúde. Prestação de cuidados pré-‐concepcionais. Circular Normativa Nº02/DSMIA. Lisboa:DGS; 2006.
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