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domingo, 1 de junho de 2008

UNIÃO AOS ENFERMEIROS

Caros colegas,

Infelizmente na nossa sociedade actual, a enfermagem ainda é considerada uma segunda opção à medicina. O primeiro passo para que a nossa profissão seja cada vez mais enaltecida, é ser exercida por pessoas que gostam efectivamente desta profissão e que nela estão presentes de alma e coração. Este é o maior segredo para criar logo à partida uma classe unida, visto que à priori os objectivos serão os mesmos.

No entanto, não é preciso estarmos muito atentos para verificarmos que a nossa classe, em Portugal, não aposta o suficiente em si própria, nomeadamente ao nível da investigação e na elaboração de livros técnicos, para a contribuição do progresso das ciências de Enfermagem. Porquê? Talvez porque falte aos enfermeiros portugueses a garra e a coragem para tornarem públicos os seus trabalhos, os seus pensamentos, as suas dúvidas…

À uns tempos atrás fui a um curso sobre o “Pé Diabético”, onde não se viu um único prelector enfermeiro, porquê? Foi um curso organizado por um serviço de um hospital, onde existe várias classes de profissionais de saúde, e onde por acaso, até os enfermeiros (mais uma vez) tem um papel de parceria com os outros profissionais, e então porque é que nenhum enfermeiro se dispôs a ser orador neste curso para ensinar o papel fundamental que este tem numa consulta de pé diabético? Foi por não saber? Claro que não, apenas fazem o seu trabalho bem, mas nem sequer se preocupam em dividir com os colegas para que estes também saibam.

Não me interessa descobrir que algo funciona bem e é excelente para a enfermagem se o guardar apenas para mim, a caminhada solitária não tem futuro viável.

A desculpa de pouco incentivo em Portugal, já não chega, o que importa é a vontade de cada profissional tem em se empenhar no exercício da sua função e querer contribuir para a qualificação da Enfermagem. Isto leva-nos a grande questão que nos persegue, devendo no entanto ser enfrentada, que é o facto de os próprios enfermeiros na sua grande maioria não saberem efectivamente quais as suas funções e qual o seu papel na equipa de saúde.

Já lá vai o tempo em que ser enfermeiro era apenas uma pessoa que faz pensos e dá “picas”, colegas, SOMOS ENFERMEIROS, os gestores dos cuidados de saúde, não podemos desprezar a importância capital do nosso papel e para isso vamos criar conflitos para lutar pelo nosso espaço? Não! Não é assim que se prova o que valemos, é através do saber-ser, saber-estar e saber-fazer.

Quando ainda estamos na faculdade, no curso base, já se sente a falta de união entre aqueles que vão ser colegas de equipa para juntos cuidar de uma população. Como é que é possível, pessoas com os mesmos objectivos profissionais não se consigam unir para juntos afirmar a enfermagem? Não vamos criar ilusões, sozinhos jamais poderão conseguir alguma coisa, a caminhada isolada não tem futuro exequível.

Vamos investir, vamos unir-nos à equipa com quem trabalhamos e vamos escolher um tema que achamos que não está bem ou que há carência na enfermagem, e a partir daí vamos investigar provar por A+B que a Enfermagem existe, tem objectivos próprios, tem base científica para justificar a sua importância e não são apenas pontes de ligação com objectivos que se confundem com os da equipa multidisciplinar.

Quais são efectivamente as nossas funções? Quais os nossos objectivos? Qual o nosso espaço na equipa de saúde? Tudo isto são questões muito mal respondidas, mal explicadas, tudo não passa de ideias ténues que um ou outro de nós questiona de vez em quando mas como não encontra resposta vai vivendo com o lema “à terra onde fores ter faz como vires fazer”. Não pode ser, temos que ter estas questões bem resolvidas para que a nossa ciência seja uma ciência bem definida e que não se mantenha na penumbra de outras disciplinas da saúde.

Vamos arregaçar as mangas, cada um nos seus serviços, juntamente com a sua equipa (de enfermagem) parem para pensar na resposta a estas questões e elaborem estudos – mas não só para currículo – pertinentes para a nossa evolução, para que nos permita ter objectivos próprios, autonomia, esteja bem definido onde começa as minhas funções e acaba, com o início de outra disciplina.

Hoje em dia vivemos numa sociedade egocêntrica, desmotivada, no qual o futuro é apenas uma ténue miragem. Portanto colegas, não deixem que isso aconteça, não caiam na rotina, agarrem com força as ideias que vos vai na alma e não pensem duas vezes em passá-las para papel, transmitam ao mundo, partilhem connosco o futuro da enfermagem, tenho a certeza que juntos conseguiremos tornar a nossa profissão mais respeitada e valorizada por toda a equipa multidisciplinar.

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