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sábado, 18 de junho de 2011

AO LONGO DE 40 SEMANAS...

Ao longo da gestação, o bebé, que inicialmente é denominado de embrião e a partir das 9 semanas feto, sofre enumeras tranformações até à data do seu nascimento. Como tal, ao longo das 40 semanas atinge as metas que passo a descrever.

A nidificação (formação do"ninho" no útero, pelo óvulo fecundado) proporciona o desencadeamento de transformações espectaculares, já que ao fim de poucos dias a existência de vários mecanismos codificados na constituição genética que desconhecemos faz com que uma simples aglomeração de células se diferencie em várias estruturas que irão, por um lado, constituir o embrião e, por outro lado, as membranas que o irão proteger e a placenta, o órgão responsável pela sua oxigenação e nutrição.

Até às 4 semanas. A primeira transformação ocorre no trofoblasto (dará origem à placenta), que se diferencia em duas camadas, uma externa, denominada sinciciotrofoblasto, e outra interna, o citotrofoblasto. A camada externa é constituída por uma massa de células, cujo crescimento e penetração no endométrio provoca a erosão dos vasos sanguíneos presentes no endométrio, levando à formação de lagos de sangue na espessura do mesmo, que pouco depois irão desempenhar um papel essencial na circulação placentária. Entretanto, o polo embrionário desenvolve um espaço, denominado cavidade amniótica, cuja repleção de líquido irá separar o embrioblasto do trofoblasto. Esta cavidade vai aumentando gradualmente de tamanho, ficando revestida por uma camada que formará o âmnio, ou saco amniótico, um elemento normalmente conhecido como "bolsa das águas''. O blastocelo, ou seja, a cavidade repleta de líquido delimitada pelo citotrofo-blasto que já existia anteriormente, é ao mesmo tempo revestida por uma camada de células que constitui o denominado saco vitelino.

Estas transformações proporcionam a conversão do embrioblasto num disco, no qual é possível distinguir duas camadas celulares, ou folhetos blastodérmicos, que irão proporcionar a formação de várias estruturas orgânicas: uma situada mais perto da parede uterina, a ectoderme, que originará a pele e o tecido nervoso, e outra situada mais profundamente, a endoderme, que originará órgãos como os do aparelho digestivo, respiratório e urinário. Pouco depois, evidencia-se um folheto blastodérmico situado entre as anteriores, a mesoderme, do qual derivarão o aparelho locomotor e o circulatório. É igualmente possível encontrar uma camada celular denominada mesoderme extra-embrionária que irá formar uma terceira cavidade, o celoma, que separa as estruturas embrionárias das que constituem a placenta. Como esta cavidade é temporária, vai sendo progressivamente substituída pela cavidade amniótica. Ao longo desta fase, o conjunto constituído pelo embrioblasto pelas suas camadas distintas, o saco vitelino e o saco arnniótico, fica unido ao trofoblasto apenas por um cordão de células, o pedúnculo do embrião, onde se irá formar o cordão umbilical. À medida que a placenta se vai desenvolvendo, a cavidade amniótica vai aumentando de tamanho, enquanto que o celoma vai diminuindo até desaparecer, o que faz com que o embrião fique a flutuar no líquido amniótico, unido à parede uterina apenas pelo pedúnculo, onde o saco vitelino é substituído pelo cordão umbilical que o liga à placenta.

No fim do primeiro mês, embora o embrião apenas meça 5 mm e o seu peso nem sequer alcance 1 g, já apresenta uma forma comprida, com uma proeminência numa das suas extremidades que corresponde à cabeça, ainda muito flectida sobre o tronco, e com polpas que irão proporcionar os membros. Dado que é nesta fase que tanto o sistema nervoso como o aparelho circulatório se começam a formar, o coração começa, igualmente, a bater, mesmo que de forma descompassada.

Até às 8-9 semanas. Ao longo do segundo mês, começam a surgir os esboços de todos os restantes órgãos e o crescimento do embrião intensifica-se. De facto, durante a quinta semana, o seu crescimento duplica, fazendo com que o embrião adopte uma forma semelhante a um girino ou um cavalo marinho, com uma cabeça muito grande em relação ao corpo e um tronco que vai diminuindo de dimensão até terminar num pequeno colo, que acaba por desaparecer. Ao longo deste mês, já é possível distinguir os orifícios da boca e do nariz na cabeça, assim como os botões dos ouvidos e dos olhos. Nos lados do tronco vão crescendo os membros e desenvolvendo-se as mãos e os pés, com todos os seus dedos, começando igualmente a formar-se os órgãos do aparelho digestivo, fígado, pâncreas, rins, os vários músculos... De facto, no final da oitava semana, o embrião já tem um aspecto mais humano e conta com todos os aparelhos e sistemas orgânicos, alguns já em funcionamento. Quando apresentarem um comprimento de apenas 3 a 4 cm e peso de 2 a 3 g, pode-se considerar que o embrião está completamente formado, passando a ser designado feto.

O período fetal inicia-se com todos os órgãos do corpo formados na sua quase totalidade, pois apenas falta o seu amadurecimento e o início do seu funcionamento. Embora as alterações se processem de maneira ininterrupta, em cada mês ocorrem transformações características.

Até às 13 semanas. É ao longo do terceiro mês que o feto adquire um aspecto definitivamente humano. A cabeça, proporcionalmente muito maior do que o resto do corpo, vai progressivamente endireitando-se e o rosto acabando de se constituir: os olhos, anteriormente situados nos lados, passam a estar à frente, embora muito separados, revestidos por uma pele que se transformará nas pálpebras; os lábios vão ganhando a sua forma, enquanto que as orelhas, ainda não totalmente moldadas, ocupam uma posição mais baixa. Como os membros ficam mais compridos, sobretudo os superiores, começa a ser possível distinguir os dedos das mãos e dos pés. O fígado encontra-se muito desenvolvido, o tubo digestivo começa a funcionar e os rins trabalham em perfeitas condições, pois o feto ingere líquido amniótico, que é absorvido nos intestinos, acabando por verter urina no meio que o rodeia. Embora os órgãos genitais já se encontrem diferenciados, não se consegue distinguir o sexo através da ecografia. Apesar de a mãe ainda o não conseguir detectar, o feto começa a movimentar-se. No final do terceiro mês, o feto mede cerca de 10 cm e pesa perto de 30 g.

Até às 18 semanas. O crescimento do feto ao longo deste mês é muito significativo. Embora a cabeça continue a ser grande, não é tão desproporcionada em relação ao resto do corpo, sendo possível observar progressivas alterações no rosto, ou seja, as orelhas adquirem a sua localização definitiva, os olhos, embora já sejam grandes, tal como a boca, continuam a estar muito separados, enquanto que o queixo é muito pequeno. Dado que os genitais já estão diferenciados, pode-se saber o sexo do feto através da realização de uma ecografia. O coração já bate com tanta força que se pode detectar a sua actividade através de um aparelho electrónico especial. Os membros encontram-se igualmente desenvolvidos e as mãos tão formadas que as impressões digitais já se encontram definidas. O fortalecimento dos músculos faz com que os movimentos do feto comecem a ser activos, sendo perceptíveis para a mãe. Na pele vai surgindo um fino pêlo de cor escura, denominado lanugem, que se vai progressivamente estendendo a todo o corpo. No final do quarto mês, o feto mede cerca de 16 cm e pesa perto de 150 g.
Até às 20 semanas. O quinto mês é a etapa de amadurecimento do funcionamento dos órgãos. O coração bate com tanta força que pode ser facilmente auscultado com um estetoscópio obstétrico. Os olhos ainda permanecem proeminentes e as pálpebras continuam fechadas. Os movimentos do feto são tão nítidos que são perceptíveis períodos de sono intercalados com outros de plena actividade, em que agita as pernas e os braços, sobretudo quando a mãe está deitada, existindo momentos em que chupa o polegar com satisfação. A lanugem começa, em algumas zonas do corpo, a ser substituída por cabelo verdadeiro, enquanto que as sobrancelhas e o cabelo vão crescendo. Nesta fase, o feto mede cerca de 25 cm e pesa entre 250 a 300 g.

Até às 25 semanas. O feto continua a movimentar-se bastante, mesmo que o faça de forma desordenada, ocorrendo também períodos de sono e de vigília. Para além disso, começa a reagir perante os ruídos externos, chupa frequentemente o polegar e, por vezes, tem soluços. A cabeça deixa de ser tão desproporcionada em relação ao corpo, o pescoço torna-se mais evidente e a cara fica mais fina. O nariz fica maior e as orelhas aumentam de tamanho. A superfície cutânea vai-se revestindo de uma substância untuosa de cor esbranquiçada, denominada vérnix caseosa, que a protege do contínuo contacto com o líquido amniótico. Embora todos os órgãos já estejam completamente formados, alguns ainda não amadureceram o suficiente para que o feto tenha uma vida independente, sobretudo os pulmões, que muito provavelmente seriam destruídos se o parto ocorresse nesta altura e o bebé fosse exposto ao ar livre. No fim do sexto mês, pode-se constatar como o crescimento ao longo desta etapa foi considerável, já que o feto mede 32 cm e pesa cerca de 600 g.

Até às 30 semanas. Embora o crescimento, ao longo deste mês, seja mais lento, o sistema nervoso amadurece significativamente, na medida em que o feto movimenta as mãos com suavidade e precisão, abre e fecha os olhos, reage a estímulos externos, como uma luz intensa ou sons, com um aumento da sua frequência cardíaca... Embora os movimentos sejam activos, o feto movimenta-se menos porque já ocupa praticamente todo o espaço disponível no interior do útero que o acolhe. Nesta fase, o feto costuma girar e colocar-se com a cabeça para baixo, apontando para a pélvis materna, como se estivesse a preparar-se para nascer. De facto, a partir do sétimo mês, o organismo do feto já está praticamente preparado para enfrentar o mundo exterior, embora os pulmões ainda não estejam maduros, a pele ainda esteja tão fina que não lhe proporciona uma boa camada isoladora e o sistema termorregulador não funcione perfeitamente. No entanto, caso nascesse prematuramente, o feto teria elevadas probabilidades de sobreviver, sobretudo com a devida ajuda técnica. No fim do sétimo mês, o feto mede cerca de 40 cm e pesa entre 1,2 a 1,4 kg.

Até às 34 semanas. É ao longo deste mês que o amadurecimento dos pulmões chega ao fim, já que o septo interno dos alvéolos reveste-se de uma substância denominada surfactante, que impediria a sua destruição, caso o feto nascesse e respirasse. Para além disso, a camada de gordura subcutânea aumenta, isolando-o do exterior, e a pele fica mais lisa e suave. Ao longo deste mês, o feto prepara-se para nascer, colocando a cabeça para baixo e as nádegas para cima. Mede cerca de 47 cm e pesa entre 2 e 2,5 kg.

Até às 40 semanas. O organismo do feto já está preparado para o nascimento. Ao longo das últimas semanas, o desenvolvimento dos ossos é acelerado, a pele torna-se mais espessa e a lanugem tem tendência para desaparecer. A cabeça está muito mais proporcional, pois mede 1/4 do comprimento total do corpo, as orelhas estão separadas do crânio, o nariz bem formado e os olhos adoptam uma cor azul acinzentada. Os genitais externos adquirem as características definitivas consoante o sexo, já que nos rapazes os testículos descem do abdómen e situam-se no interior do escroto, enquanto que nas raparigas a vulva ganha forma, encontrando-se praticamente revestida pelos grandes lábios. Os reflexos estão muito apurados, sobretudo os de sucção, algo que será indispensável para mamar correctamente. No fim do último mês, o feto mede, em média, cerca de 50 cm e pesa entre 3 a 3,5 kg. Por fim, a sua cabeça encaixa-se na pélvis materna, de modo a preparar-se para o nascimento.

Fonte: http://www.medipedia.pt
Fotografias: http://www.nationalgeographic.pt

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