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sábado, 25 de junho de 2011

DOENÇAS MAIS COMUNS NO BEBÉ


Icterícia neonatal


Segundo a Sociedade Portuguesa de Pediatria, Icterícia no recém-nascido(RN), ou Icterícia Neonatal, define-se como a coloração amarela da pele e das mucosas por deposição de bilirrubina, o que se verifica quando esta excede 5 mg/dl no sangue. A patobiologia no RN de termo e no prematuro (PT) é a mesma: a alteração na produção de hemoglobina fetal para a de adulto condiciona um aumento na destruição dos glóbulos vermelhos fetais e consequentemente aumento da quantidade de bilirrubina que chega ao hepatócito (célula do fígado); a imaturidade limita o metabolismo e clearance da bilirrubina do plasma. É provavelmente, o processo de transição que requer maior intervenção médica. Aproximadamente 67% dos RNs de termo ficam ictéricos. No PT a hiperbilirrubinemia é mais prevalente (este valor chega a 80%), mais grave e com curso mais prolongado. Define-se hiperbilirrubinemia significativa no RN de termo o valor de bilirrubina total superior a 17 mg/dl, podendo cursar com encefalopatia bilirrubínica.

O tratamento de eleição da hiperbilirrubinemia no RN é a fototerapia. Esta pode ser profiláctica (evitando níveis tóxicos de bilirruibina) ou terapêutica.

Em alguns bebés que são alimentados ao peito, a icterícia pode surgir como resultado da quantidade insuficiente de leite. Uma vez que o bebé não está a mamar muito, os intestinos não funcionam convenientemente e a bilirrubina não é removida do organismo pelas fezes.

Recomenda-se que amamente, pelo menos, oito a dez vezes por dia, ou seja, com muita frequência, para permitir o melhor funcionamento dos intestinos do seu bebé. Também nos bebés com alimentação materna a icterícia pode prolongar-se por mais dias.

Dermatite da fralda

Dermatite da fralda, eritema da fralda, dermite da fralda são termos genéricos que abrangem um conjunto de dermatoses inflamatórias, que atingem a área do corpo coberta pela fralda. Não sendo portanto diagnósticos específicos, incluímos na dermatite das fraldas, principalmente com fins didácticos: as erupções causadas directamente pelo uso da fralda, dermatite da fralda irritativa primária ( para alguns autores esta seria sinónimo de dermatite da fralda e a dermatite de contacto alérgica às borrachas da fralda (muito rara) e as dermatites exacerbadas pelo uso destas (psoríase, eczema atópico, dermatite seborreica, miliária, dermatite Candidiásica).

O tratamento engloba cuidados de higiene adequados, troca frequente da fraldas ou retirada da mesma. Limpeza da região e aplicação de pasta de óxido de zinco ou pasta de água na muda de fralda. Nos casos mais agudos, seguindo aconselhamento médico, uso de cremes à base de hidrocortisona e nistatina ou antimicóticos imidazólicos na suspeita de contaminação por Cândida Albicans.

Dermatite seborreica

De causa desconhecida, a dermatite seborreica apresenta-se nos dois primeiros meses de vida. Tem início no couro cabeludo, como uma descamação na pele, avermelhada. A pele em descamação forma uma camada aderente amarelada, vulgarmente denominada crosta láctea. Esta descamação pode também existir na testa, face e atrás das orelhas, podendo atingir a área da fralda.

No tratamento, usam-se emolientes como o óleo de amêndoas doces e a vaselina líquida aplicado diáriamente nos cuidados de higiene, até ao seu total desaparecimento, existindo outras formas de tratamento para os casos mais graves.

Candidíase oral e perineal

A Candidíase é uma infecção por fungos do género Candida albicans. Existem dois tipos de candidíase, oral e do períneo.

A Candidíase oral manifesta-se por placas esbranquiçadas muito aderentes na boca dos recém-nascidos e lactentes (gengivas, língua e bochechas).

Os bebés são particularmente vulneráveis pois o sistema imunitário não está ainda completamente desenvolvido e como as suas defesas são mais frágeis os fungos acumulam-se mais facilmente.

Este fungo está sempre presente na boca das crianças sem provocar doença. Em situações de fragilidade, tais como febre ou medicação com antibióticos, este pode multiplicar-se e provocar doença. O fungo também pode ser encontrado no mamilo da mãe, nas tetinas, nas chuchas ou nos brinquedos, sendo por isso importante que sejam tomadas todas as medidas de higiene necessárias à não propagação do vírus, tais como a esterilização. Também é importante remover os vestígios de leite após cada refeição, podendo utilizar uma gaze esterilizada embebida em soro fisiológico fazendo gestos suaves que permitam limpar a boca do bebé e assim evitar que os fungos adiram e se desenvolvam.

Na maior parte das vezes não provoca qualquer sintoma, mas por vezes pode provocar desconforto ou falta de apetite. Deve-se por isso colocar um anti-fungico após as refeições (ex: daktarin gel). Num recém-nascido, se o fungo estiver no mamilo da mãe, esta deve fazer o tratamento com um creme anti-fungico local, 4 vezes por dia durante 7 dias sem parar a amamentação.

A Candidíase do períneo, por sua vez, manifesta-se por alteração da pele na zona genital e em redor do ânus, de cor vermelho vivo, com algumas lesões isoladas da grande lesão e, por vezes, com aspecto húmido. Não é raro, aparecerem as duas formas da infecção (oral e perineal) em simultâneo. Tal como a candidíase oral, esta trata-se igualmente de um fungo que está sempre presente na pele, intestinos e órgãos genitais, sem provocar qualquer doença. É natural que a criança se sinta desconfortável e por isso chorar com frequência. Como Tratamento deve ser colocado um medicamento contendo anti-fungico (ex: canestene) sobre as lesões, sempre após cada muda de fralda, levando, desta forma, ao seu desaparecimento em poucos dias. Como a infecção pressupõe uma predisposição e maior fragilidade momentânea da criança não há por isso grande risco de contágio, podendo a criança frequentar o infantário.

Claro que se houver partilha de chuchas e as crianças forem muito pequeninas (<6 meses) corre-se sempre o risco de contágio. É, por isso, importante haver cuidados de assépsia mínimos para que a probabilidade de contágio seja muito baixa neste tipo de agente. É muito importante a higiene local e a lavagem das mãos antes e após a manipulação do bebé.


Infecções respiratórias

As infecções respiratórias são causadas por diversos organismos e podem afectar diferentes órgãos do sistema respiratório. Algumas têm picos sazonais enquanto outras podem surgir em pandemias em qualquer altura do ano. No entanto, um recém-nascido tem um limitado número de sinais e sintomas mas que podem de algum modo chamar à atenção dos pais. Portanto, quando os pais detectarem sinais de mal-estar do recém-nascido devem recorrer ao seu médico assistente. Os sintomas de infecção respiratória a ter em consideração são a presença de corrimento nasal acompanhado de dificuldade em respirar (vêem-se as costelas sob a pele enquanto respiram) e a respiração ruidosa. A febre pode surgir isoladamente ou a acompanhar outros sintomas. O gemido, a dificuldade em mamar e as alterações da cor da pele são também sinais a ter em atenção.

O grande número de doenças que ocorre com maior frequência durante os meses frios (constipações, laringites, bronquiolites e mesmo pneumonias) é, na maioria, provocada por vírus. Muitos pais desconfiam dos médicos quando estes lhes dizem que a seu filho, que desde há 3 dias tem uma febre baixa, secreções no nariz e recusa alimentar-se, tem apenas uma virose.

«Quando não sabem o que é, dizem que é uma virose» é um comentário que se ouve com frequência nas salas de espera dos serviços de urgência pediátricos. Na verdade, é um facto que a grande maioria das infecções do aparelho respiratório é provocada por vírus (viroses) e não originam sintomas muito particulares ou graves.

Apesar do seu curso habitualmente inocente, algumas crianças podem evoluir de forma menos agradável. Isto acontece quando as secreções ficam muito tempo acumuladas e acabam por ser infectadas por uma bactéria. Neste caso as secreções tornam-se mais espessas e mudam de transparentes para amareladas ou esverdeadas e uma febre alta pode aparecer.

As infecções respiratórias mais frequentes, como a vulgar constipação, manifestam-se habitualmente por:

- febre baixa, que facilmente desaparece com o uso de antipiréticos;

- secreções no nariz líquidas e transparentes;

- tosse seca ou com uma pequena quantidade de secreções. Estas secreções são habitualmente secreções do nariz que deslizaram até à garganta e a tosse é um mecanismo fundamental para a sua remoção mantendo as vias aéreas desobstruídas;

- Por vezes a tosse é uma tosse rouca, irritativa, que surge por ataques e a que muitas vezes se chama tosse 'de cão'. A sua causa é uma infecção viral da laringe, geralmente sem consequências

Habitualmente estas crianças brincam normalmente, estão bem dispostas, comem razoavelmente e, principalmente, não parecem doentes;

Os cuidados que os pais podem ter em casa são iguais ao de todas as outras situações de infecção das vias respiratórias, e incluem:

- Remover as secreções acumuladas no nariz, com a ajuda de soro fisiológico ou um spray de água do mar e de um aspirador próprio para o nariz. Não conheço nenhuma criança que goste desta tarefa, mas os pais devem ter a persistência necessária e não desistir ao primeiro choro. Por vezes são necessárias duas pessoas para conseguir concluir com êxito esta empreitada;

- Manter a criança hidratada, através da ingestão de líquidos, ajuda a tornar as secreções mais fluidas e facilita a sua remoção;

- Desobstruir o nariz, com a ajuda de umas gotas vasoconstritoras nasais. Atenção que existem gotas para crianças e gotas para adultos. Se em casa apenas existirem gotas para adultos podem ser diluídas com soro fisiológico antes de serem aplicadas na criança. Este tipo de medicação não deve ser usado com muita frequência (máximo de três vezes por dia) nem durante períodos prolongados (máximo de três dias);

- Baixar a febre, se existir, o que é pouco frequente. Usar sempre como primeira linha de ataque o paracetamol. Nada de aspirinas ou semelhantes, pois podem ter efeitos secundários graves nas crianças;

- Habitualmente, não é necessário a criança tomar qualquer antibiótico;

Apesar da maioria da situações não exigir grandes cuidados, é necessário estar atento ao aparecimento de alguns «sinais de alarme» que podem significar que a doença é mais grave ou que se tornou, com o passar do tempo, mais grave. Ou porque a infecção «foi descendo» ao longo das vias respiratórias até atingir os brônquios e pulmões, ou porque entretanto surgiu uma infecção por uma bactéria. De uma forma geral a criança deve ser observada pelo pediatra sempre que:

- tem um aspecto doente

- não quer brincar

- não consegue dormir à noite

- tem febre alta

- a febre se mantém por mais de 5 dias

- tem vómitos persistentes

- recusa alimentar-se

- tem dificuldade em respirar ou pieira

- tem dores no ouvido

- as secreções tornaram-se espessas e esverdeadas

- a tosse se agrava de dia para dia ou se se mantém por mais de 10 dias

-os pais tiverem dúvidas sobre a gravidade da situação.

Fale com o Pediatra/Médico ou Enfermeiro de Família que segue a criança e esclareça com ele todas as suas dúvidas. Não deixe que o medo ou a insegurança tomem conta de si.


Fonte:
http://www.spp.pt/
http://www.saudelazer.com/
http://www.paisefilhos.pt/
SIGAUD, C.H.S.; VERÍSSIMO, M.L.R. Enfermagem Pediátrica: o cuidado de enfermagem à criança e ao adolescente. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1996.

2 comentários:

Unknown disse...

Grandes dicas,muito obrigado. Minha filha de dois meses e meio tem crosta lactea e a pediatra receitou a lavagem c/ sabonete de Glicerina e colocar oléo de amendoas doces.

Unknown disse...

Olá Eva,

muito obrigada pelo seu comentário, fico muito feliz por satisfazr as necessidades dos meus leitores.
continue e participar tenho todo o gosto que o faça.

Atentamente,
Carla Vilaça